quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O velho diário

 

 Estava sentado em uma velha poltrona e logo vejo na mesa do escritório de meu avô um velho diário, pego-o e começo a ler, a sua própria história. A cada palavra lida percebo que a vida dele foi um erro, lembro-me de algumas iniquidades que cometera mas não tudo, pois partiu cedo. Mas ele não podia mudar o passado os erros cometidos não podiam ser restaurados como se restaura um velho quadro ou mobília.
    Percebo que o velho homem estava bastante entristecido ao escrever aquele diário. Derramando uma lágrima no papel já amarelado pelo tempo, não pude conter pois a saudades era grande mesmo sabendo de todos os crimes e atrocidades cometidas pelo meu avô.
  Era sozinho, minha avó já falecida só tinha um filho vivo o outro morrera em um acidente na velha metalúrgica onde trabalhou até seus vinte e cinco anos, a vida não tinha mais sentido para ele, depois que perdeu quase tudo menos meu pai que fez com que ele continuasse a lutar por mais alguns anos antes de cometer o suicídio. 
  A cada página linha vi o fardo que carregou durante anos em suas palavras de dor, arrependimento e saudades das pessoas que se foram, mas ele não fez o melhor no restante da vida tudo por orgulho que o dominava como um predador domina a presa.
  Naquela indecisão acabou que ingerindo veneno e faleceu, as últimas palavras escritas no diário foram de despedidas e conselhos logo se foi. Após ler todas aquelas palavras resolvi sair daquele local levando as poucas lembranças que tinha dele sorrindo feliz, pois somente após sua morte descobri o quanto sofria pelos erros cometidos, acabei levando o diário pois era a única lembrança que tinha dele.